INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos a respeito da profecia de Noé, impetrando
maldição e benção sobre os seus filhos. Inicialmente destacaremos a plantação
da vinha por Noé, e suas consequências imediatas. Em seguida, como se
estabeleceu uma desgraça sobre aquela família. Ao final, destacaremos o
cumprimento da maldição de Noé sobre os descendentes de Cam, e as bênçãos sobre
Sem e Jafé. Essa também será uma oportunidade para refletir a respeito dos
percalços pelos quais as famílias podem passar, bem como sobre o relacionamento
entre pais e filhos.
1. NOÉ PLANTA
UMA VINHA
Noé estava cumprindo sua missão cultural,
trabalhando na agricultura, a fim de sustentar sua família. De certo modo
seguiu a profissão do seu pai, Lameque (Gn. 5.28,29), e decidiu plantar uma
vinha. A embriaguez sempre foi condenada na Bíblia, principalmente por causa
das suas consequências para a vida das pessoas (Pv. 20.1; 23;19-21; Is. 5.11;
Hc. 2.15; Rm. 13.13; I Co. 6.10; Ef. 5.18). Os israelitas não eram proibidos de
tomar vinho com moderação, na verdade esse era considerado uma benção (Sl.
104.14,15; Dt. 14.26) e era usado também nos sacrifício (Lv. 23.13; Nm. 28.7).
Isso, no entanto, não deve servir de estímulo para o consumo indiscriminado de
vinho. Além disso, há pessoas que o melhor a fazer é manter distância, e
seguindo a orientação de especialista, devem evitar até mesmo o primeiro gole.
No caso de Noé, ao que tudo indica, colheu as uvas, as espremeu e depois
aguardou que elas fermentassem. Ele fez algo que lhe trouxe vergonha, não
apenas pela embriaguez, mas também por ter ficado nu. A pessoa que se entrega aos
vícios acaba por fazer coisas fora do senso, que lhes colocarão em situações
embaraçosas. É comum ver pessoas assumindo papeis vergonhosos por causa de
bebidas alcoólicas. É lamentável que Noé, mesmo sendo reconhecido como o
pregoeiro da justiça, e sobrevivido graciosamente ao dilúvio, tenha se colocado
em uma situação vergonhosa. Uma das provas da veracidade da Bíblia é a sua
honestidade em relação aos pecados dos homens e mulheres de Deus. Narrativas
desse tipo estão registradas para que não venhamos a incorrer nos mesmos erros
(I Co. 10.6-13).
2. A MALDIÇÃO
DE NOÉ SOBRE CANAÃ
Quando Noé estava embriagado e nu em sua tenda, um dos seus filhos,
Cam, entrou na tenda do pai, e o viu naquela situação. É possível que tenha se
divertido ao vê-lo naquela condição deplorável. E mais que isso, tenha chamado
seus irmãos para fazer o mesmo. A desonra de Cam antecipa o mandamento que
viria a ser dado a Deus através de Moisés posteriormente, em relação à
importância de honrar os pais (Ex. 20.12). Sem e Jafé, ao invés de seguirem o
exemplo negativo do irmão, não quiseram humilhar o pai, antes o cobriram. Eles
entraram de costas na tenda e cobriram o corpo nu do velho patriarca (Gn.
9.23). Há filhos que desonram seus pais, colocando-os em condições vergonhosas.
Outros, porém, cuidam dos seus pais, com orgulho, e os preservam,
principalmente na velhice. Em meio a essa sociedade utilitária, marcada pelo
pragmatismo, é importante que os filhos não descartem seus pais. Por causa da
humilhação imposta a Noé pelo seu filho Cam, este foi amaldiçoado. Na verdade,
ele profetizou o futuro da descendência de Cam. O patriarca predisse três vezes
que o filho de Cam se tornaria escravo, e seria servo desprezível. Na verdade,
os cananeus vieram a ser um povo conquistado pelos israelitas, e se tornou
instrumento de opróbrio (Gn. 15.18-21; Ex. 3.8, 17; Nm. 13.29; Js. 3.10; I Rs.
9.20). É importante ressaltar que a descendência de Cam nada tem a ver com a
raça negra, como quiseram interpretar alguns racistas do passado. Essa foi uma visão
equivocada, pautada no preconceito, para causar segregação.
3. AS IMPLICAÇÕES DA PROFECIA
DE NOÉ
Em suas palavras Noé não apenas profetizou maldição, mas também
bênçãos sobre o restante da sua família. Sem recebeu a promessa de que seria
enriquecido por Deus, e se tornaria uma pessoa próspera. Da sua família viria
Abraão, que se tornaria o pai de uma grande nação (Gn. 11.10-32). Mesmo sendo o
segundo filho de Noé, Sem acabou tomando a primazia, por isso é comumente
citado em primeiro lugar (Gn. 5.32; 6.10; 9.18; 10.1; I Cr. 1.4). Essa é uma
demonstração do que acontece quando um filho se coloca debaixo da benção do
pai. Os filhos desobedientes trazem para si a desgraça, muitos estão morrendo
mais cedo do que deveriam, por causa da rebeldia (Ef. 6.1-4). Essa também é uma
demonstração da graça de Deus, que necessariamente não abençoa o primogênito,
mas aquele a quem Lhe apraz. Isso aconteceu com Abel (Gn. 4.4,5), Isaque (Gn.
17.15-22) e Jacó (Gn. 25.19-23). Em relação a Jafé, esses ficaram à sombra do
seu irmão, e recebeu a benção através dele. Na verdade, este viria a dar origem
aos gentios, que também foram agraciados por Deus. Nós também estamos na “tenda
de Sem”, na medida em que Israel foi escolhido para ser “luz para os gentios”
(Is. 42.6; 49.6). Não podemos esquecer que a salvação vem dos judeus (Jo.
4.22), e que o próprio Jesus era um judeu. Através de Jesus fomos agraciados
pelo Deus de Abraão, Isaque e Jaco, tendo Ele trazido luz para os gentios (Lc.
2.32), que foi propagada pelos apóstolos a todos os povos (At. 1.8). A igreja
continua tendo a responsabilidade de levar essa boa nova a todos as nações (Mt.
28.18,19).
CONCLUSÃO
As palavras de Noé, proferidas aos seus filhos,
podem ser consideradas benção e maldição, e também profecias. Essas se
cumpriram cabalmente na história de Sem, Jafé e Cam, e em relação a esse
último, por ter humilhado ao seu pai, trouxe sobre si a desgraça. Estejamos,
pois atentos às bênçãos de Deus, e não nos apartemos das nossas responsabilidades,
sempre sóbrios e dispostos a levar o evangelho de Jesus até os confins da
terra, no poder do Espírito Santo (At. 1.8).
BIBLIOGRAFIA
CLAUS, W. O
livro do Gênesis. São
Leopoldo: Sinodal, 2013.
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